Hoje dia 25/08/2015, após
muita cobrança de minha Almiranta, familiares e de amigos para concluir o
registro de nossa travessia, sento em frente ao computador para tentar passar
para palavras lembranças que já se vão depositando no fundo da memoria e que ao
resgata-las não e tão fácil como imaginei, pois assim como a agua no fundo do oceano
se turvam quando e muito mexidas. Juro
que não sei ate hoje o que deu em mim, para parar os registros diários ao
chegar em Mindelo, Cabo Verde !!!!!! Maresia, preguiça, não sei, mas
empacou; e o que realmente me fez voltar a escrever e registrar essa
etapa de nossas vidas passando algumas informações dessa ultima etapa da viagem
e homenagear a minha esposa e almiranta
do Maruja que com sua coragem e confiança em mim, me fizeram crescer nas
responsabilidades de comando do barco,
quero prestar homenagem também, a toda a
equipe da Delta Yates na pessoa de seu
Diretor Ricardo que construíram o Maruja nos entregando um Barco forte,
marinheiro e muito confiável em todas as situações.
Após essas
considerações, passarei a descrever mais ou menos em sequencias lembranças de nossa ultima Etapa MIndelo –
Salvador.
Voltando em Lembrança a 22/9/12,
Lembro-me que o check in na ilha é na área do porto, a
esquerda da marina há uns 2 km de um passeio agradável, o pessoal da alfandega
é simpático, porem rigoroso. Quando
estávamos na ilha tomamos conhecimento que o grupo que administra a marina em
Mindelo estava construindo outra em São Nicolau, há essa altura já deve estar
funcionando rsrsr
Preparamos o Barco para a travessia, e ficamos de olho no
tempo, nossas diretrizes nessa etapa são: passar há uma distancia prudente da
ilha de Fogo, onde os instrumentos sofrem interferências no funcionamento e não
ultrapassar os 30 w, antes de atingir os 5N para os alísios não nos jogar de
volta no Caribe. Essas informações e outras estão no livro: Passageiro do
Vento, de Edson de Deus, excelente
relato sobre o Atlântico Norte e ele tb é associado do Aratu Iate Clube. Lembro-me que na saída pegamos pouco
vento foi riso 1 e genoa 2, ventos de
sudeste, ainda em aguas de cabo verde
tirei o riso 1 e ao tentar esticar a
mestra ao máximo, acabei estourando o punho, ferrou ainda no começo !!!!! Então
baixei a mestra e ficamos só na genoa 2, a medida que nos afastávamos o vento
subiu e andávamos bem,,,, mas estávamos com outro problema, sem a mestra estávamos
derivando (andando pra frente, mas também de lado) o que nos dificultava atingir
os 5N abaixo de 30 w, estávamos sendo
empurrados para o Caribe. Após uns 2 dias nessa situação, resolvi com a ajuda
corajosa da Almiranta armar o Tormentin (vela de tempestade) de Garrucho
(ganchos de presilha) no lugar da mestra usando o Cabo da mestra esticado como
guia e o amantilho como cabo de levante.
Não acreditei no resultado !!!!!! O barco deixou de derivar
e ainda por cima andamos 190 milhas em 24 hs em dois dias seguidos acima de 7,8
knos por hora de media, o Maruja nunca andou tanto, que eu estava com medo de
capotar.
Faltou registrar que o veleiro Miss Carol saiu com 24 hs em
nossa frente e ainda nas mediações de mindelo fomos contatados por radio pela
tripulação do veleiro Báltico um Bavária 40 pês tripulado por 2 açorianos e
pelo proprietário um paulista que sairiam 24 horas após o Maruja. Esse Veleiro Báltico
hoje fica no Bahia Marina. Como esperava
alcançar o Miss Carol, de tempos em tempos o chamava pelo radio, ate que
conseguimos manter contato, o interessante e que num determinado momento eu
falava com o Miss Carol e o Miss Carol tb foi contatado pelo Báltico, e assim
formamos uma rede de informações sobre a meteorologia pela manha e pela noite. Tínhamos
uma leitura pelo telefone Internacional que havia uma frente fria subindo a
costa e estávamos de olho nela. Mais uma vez pedi a analise do Sergio Gomes,
comandante do Travessura em ilha bela, que nos tranquilizou que não era frente
fria e sim um mar mais alto e ventos um pouco mais fortes. Assim mantive minha rota original de passar a
leste de Noronha e não parar, como registrei por radio no ponto mais próximo a
ilha em nossa rota, que acho um ABSURDO, barcos a vela e passageiros serem
extorquidos ao pararem e se abrigarem na
ilha, ISSO ESTA ERRADO. O veleiro Báltico parou na Ilha o Carol não tive
contato. Marquei nossa rota com proa em
Salvador, mas já abaixo de Noronha os ventos mais fortes nos provocaram outra
baixa; nossa genoa 2 que estava enrolada parcialmente partiu, lascou feio, e
isso só acontece a noite !!!!!! Nós dois dormindo acordamos com o barulho da
vela batendo, estrago feito, remediar, enrolamos o que sobrou e ligamos o motor
em baixa 2000 rpm, e fomos assim com trinqueta no lugar da mestra e motor. Pela
manha, mais tranquilo e tudo mais visível, vento ainda forte, mar alto,
observei que a bomba de agua salgada do motor vazava um pouco pelo mancal
trazeiro, então resolvi mudar o rumo para Recife, já que precisávamos do motor
para Carregar tb as baterias, pois o rendimento das placas solares estava baixo
e o gerador eólico estava sem funcionar desde porto Santo, no arquipélago da
Madeira e a energia para manter os instrumentos funcionando.
Sei que chegamos a
Recife numa quarta feira a tarde, e que a regata da Refeno seria no Sábado, o
Cabanga estava na maior festa , a Banheira (área de atracação dos barcos)
estava repleta de Veleiros e a nossa acolhida por todos foi muito calorosa. Achar
um lugar para o Maruja se recuperar da travessia, e fazer os reparos no Cabanga, foi um desafio
para a Secretaria da Refeno, SUELI,,,,,,,,,, mas ela e sempre 10, e não sei
como ; conseguimos , entrar, reabastecer o barco de agua e alimentos frescos,
reparar a bomba d’água, estávamos fechando um circulo de navegação, pois saímos
em 2011 na regata da refeno,
fantástica. A tripulação do Báltico
chegou na quinta feira e parou na área do Pinda, e foram ter conosco onde
batemos um bom papo e falamos sobre o Genuíno Madruga, (Comendador esse e 10, velejador tb dos acores) e
as ocorrências da travessia.
Acertei com meu Irmão Silo, Velejador de Catamaram (regateiro), nossa chegada a Salvador, e ele ficou
de nos esperar na boca da Barra, dia e hora marcado,,,,,,, no mar isso não e
bom,,,,( veleiro vai devagar, depende do vento e do mar,,,,,,, versos do
casal Suzi e Vitor , velejadores de
Angra )
Após analisar a meteorologia, e a previsão de chegada a
Salvador,, marquei o horário de nossa saída da piscina do cabanga e partimos
com a trinqueta no lugar da mestra, substituímos a genoa 2 rasgada pela 1,
maior mas parcialmente enrolada.
Rumo a salvador, descemos melhor do que subimos, eu apaguei
, dormi, pelo traves da linha verde, e a Almiranta ficou de plantão, ela me
conta que no traves de Itapuã, ligou pelo celular para os funcionários do nosso
Hotel, o Praia da Sereia, e que nos viam, ao longe, uma luzinha longe pequena,
era madrugada ainda escuro, o coração dispara e a vontade de rever a família e
muito grande. Próximo a entrada da Baia de todos os santos, onde
estava plotado (marcado) nosso ponto de entrada na Baia o alarme dispara e eu
acordo já comemorando com um champanhe junto com a Almiranta. Nas proximidades
do Iate vejo o Strativarius, com meu
irmão Silo e Sonia se aproximando conforme o combinado, alegres navegamos
juntos para o Aratu Iate Clube, porto do Maruja, onde os familiares e amigos nos aguardavam, os capitães presentes nos saudaram buzinado
suas embarcações, uma FAIXA da Família Dysdobre, Marcos e Lícia nos dava as
boas vindas.
Viajar em Bom, mas voltar e melhor ainda, e ser recebido nos
braços da família não tem preço.